quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

10 coisas curiosas das minhas férias no Planeta Piauí

Bem, faz exatamente um mês que estou em outro planeta. Sim, havia oito anos que eu não pisava solo piauiense e cá estou, no lugar onde nasci e que cada vez me parece mais distante, porém não menos interessante. Listo aqui, um tanto rapidamente - já que estou em computador alheio - 10 coisas singulares destes últimos 30 dias:
1. Comidas incríveis: Já devo estar uns 3 quilos mais gorda. Difícil resistir às gostosuras da minha tia Soraia, os sorvetes de fruta inacreditáveis, o caldo da Rose, os camarões baratíssimos e de toda qualidade e os sanduíches do Dogão. Isso só o que eu me lembro por agora... A foto é uma homenagem aos doces BB (bom e bonito) da minha tia Soraia.
2. Diferenças socioeconômicas evidentes: Teresina é uma cidade dividida pelo rio Poti. A ponte que liga as zonas norte, sul e centro à zona leste divide não apenas os bairros, mas a economia, a sociedade e as oportunidades e comportamentos culturais. Nunca antes tive a experiência de evidenciar com tanta clareza a desigualdade do país e essa experiência não me sai da cabeça.
3. Cervejinhas geladas com primos e amigos: As farras são óóótimas. Conto em uma só mão os dias em que não tomei uma geladinha com conversas afiadas e boas risadas. Pessoalmente acredito que umas férias decentes envolvem esse quesito e, nesse caso, estou satisfeitíssima!
4. Litoral bacana e muito sujo: A cidade de Luís Correia é muito aprazível, tem praias bem legais e até muito conservadas do ponto de vista da limpeza pública. Mas a cidade em si está um lixo! Os terrenos baldios estão cheios de entulho, sacolas plásticas, um abandono só! Não fiz nenhuma foto de lá porque não tive coragem de fotografar um monte de lixo só pra colocar aqui.
5. Sociabilidade nordestina: Uma das melhores coisas do Planeta Piauí é a galera que mora aqui. Não importa a cidade, o bairro, a cor, a escolaridade, a grana: em geral são pessoas bacanas, comunicativas e dotadas de um bom humor bem peculiar. Fiz algumas amizades, bati bons papos e até dei uns bons beijos por aqui. rs. PS: Abraços a Rose, Saely e minha prima marvelous Anneth.
6. Do forró ao forró: No planeta Piauí tudo vira forró. Música de Gustavo Lima vira forró. Roberto Carlos já virou forró há muito tempo por aqui. Juro que eu ouvi Amy Winehouse, Lady Gaga e (juro por deus!) até Adelle no formato forró. Ouvi uma pergunta interessante de alguém que - como eu - é piauiense mas não mora aqui: Pra quê tanta rádio se TODAS elas só tocam forró?
7. Imensos sushis: Caraca!!!! O sushi daqui só cabe em bocas como a de Angelina Jolie. Adorei, mesmo tendo uma certa dificuldade nesse quesito. Ah, importante: são mais baratos também.
8. Para não dizer que não falei do calor: Impossível não me referir a tão singular característica de nossa terra. Característica definidora de teresina, a temperatura máxima daqui é só para os fortes meeeesmo. O calor aqui é assunto de fila de banco, de parada de ônibus, de mesa de bar. No fim das contas, os 40 graus infernais acabam aproximando as pessoas de um jeito diferente.
9. Porrada em estudante: Acabei de ouvir no jornal da Globo que estudantes entraram em conflito com policiais em pleno centro de Teresina. Durante toda a tarde, o pau quebrou na avenida Frei Serafim. Sensação esquisita tive ao experimentar esse episódio, pois percebi que a coisa havia acontecido a poucos quilômetros de mim e eu precisei ver pela tv pra saber que ele de fato ocorreu. E, sabe o que é muito estranho: as pessoas do meu convívio não comentaram absolutamente nada disso e se surpreenderam de ver, elas mesmas, a notícia pelo telejornal em nível nacional. Esse distanciamento deve ter muito a ver com aquilo a que eu me referi no item dois. Não pude deixar que colocar essa foto aqui e é claro que a encontrei na internet, no mundo virtual far from here...
10. Cajuína: Concluo esta estranha declaração de amor à minha terra natal com a música de Caetano Veloso, quando da morte do poeta Torquato Neto. Gosto desta letra porque me aproxima de Teresina, já que sempre que venho aqui retomo esta reflexão: "existirmos aque será que se destina?"
Existirmos: a que será que se destina?
Pois quando tu me deste a rosa pequenina
Vi que és um homem lindo e que se acaso a sina
Do menino infeliz não se nos ilumina
Tampouco turva-se a lágrima nordestina
Apenas a matéria vida era tão fina
E éramos olharmo-nos intacta retina
A cajuína cristalina em Teresina
(Cajuína - Caetano Veloso)

8 comentários:

Emília disse...

Adorei!!! E vi q vc evitou polêmicas, nem falou da Tropa de Elite...

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Bizarro pra caralho esse quebra pau que teve aí. Também fiquei de cara quando vi no jornal. ...Sobre as polêmicas que a Emília disse, não publica mesmo, não. Deixa para contar quando chegar aqui. Quero saber essa história de tropa de elite... rs Música apropriada. Gostei! Um beijo! Saudade.

Marcos disse...

No Piauí o capitalismo ainda conserva e se utiliza de alguns aspectos feudais. O estado todo é controlado por uma oligarquia conservadora que de modo algum quer ver o pleno desenvolvimento do mesmo. O povo desde cedo aprende que deve adorar e respeitar seus “senhores”, enquanto são espoliados da maneira mais brutal possível. A politicagem, o apadrinhamento, além de toda forma de corrupção e enriquecimento ilícito (pleonasmo vicioso, este) já são construções ideológicas incorporadas pela população como naturais e às vezes até necessárias. Enquanto os estudantes nas ruas de Teresina levam porrada da polícia por protestarem a favor dos direitos de todos os trabalhadores daqui, essa mesma polícia se mostra incompetente e até conivente com a impunidade daqueles que por fazerem parte da oligarquia cometem as piores barbaridades seja contra a vida de outrem, seja contra o erário. Mesmo que todos saibam quem é o criminoso a apatia política do meu povo é sempre embalada ao som do forró. No mais, meu retorno ao Piauí sempre me leva a uma contradição dialética que gira entorno do “spleen” e da revolta mais profunda. Ah, também dei alguns bons beijos por aqui... kkkkk...

Rafael disse...

Ahh Emilicas saudades de vc! Qtos acontecimentos nesse planeta. Avise qdo vir p sobradisney! Bjãoo!

Luciane Lira disse...

Oi Emile, estava com saudade do blog e ainda estou de você.
Coincidentente estou no Piauí, nesse exato momento em Picos (#trabalhandinho). Irei na quinta para Teresina e se tudo der certo, vou para parnaíba no fim de semana. Reconheci algumas das coisas curiosas que você listou. Agora vou sair como louca em busca do sushi na capital. Já estava com desejos, e depois de suas dicas...hum....não aguento mais esperar.
Abraços! Parabéns pelo doutorado!

Edson Coelho disse...

Não conheço Piauí ainda.

e me arrepiei ao reler Cajúina - que numa lista de melhores 1ºs versos de músicas brasileiras, estaria entre os selecionados ;)

A sujeira das cidades desse país me entristece. Fico triste mesmo, desesperançoso. E vandalismo de polícia, indignado.

ANNETH disse...

Prima querida, as saudades que deixou...
Volto não mais embevecida para o meu invólucro como à procura das raízes e para quem sabe, alçar novo vôo. Você estava certa. Quando se quer que alguém adentre em nossos mundos ...não precisamos dar as chaves, pois quem verdadeiramente as deseja, busca-as.Estou sozinha, agora, mas feliz!( Você entende)