segunda-feira, 23 de março de 2009

De como os roteiristas de Hollywood precisam estudar Teoria Literária

Acabei de sair da sessão do filme que rendeu um Oscar a Kate Winslet. Não que o Oscar seja parâmetro interessante para definir bons e maus filmes, e boas e más atuações, mas dessa vez acertou: a moça está de fato excelente no papel da dura Hanna Schmidt. E essa é a única coisa que realmente vale o ingresso para O leitor (direção de Stephen Daldry). Direção tradicional e sem qualquer recurso mais elaborado, um roteiro que se perde por completo e uma atuação xôxa (será que é assim que se escreve?) de Ralph Fiennes (que eu adoro, mas dessa vez... decepcionante). Modéstia bem à parte mesmo, eu acho que se os roteiristas de Hollywood assistissem às minhas aulas de Teoria Literária não cometeriam esses erros banais no que se refere à construção de personagens e verossimilhanças que a própria trama exige. Para quem leu Aristóteles na Poética, um filme como esse decepciona muuuito, porque não adianta nada contar com a competente atuação de Kate Winslet se a personagem não tem coerência. A coitada da atriz não pode fazer milagre. Veja bem: Hanna é uma mulher fechada, sisuda e até mesmo agressiva; ela é alguém que não tem medo de enfrentar problemas, alguém que age a partir de suas rígidas convicções (sejam elas morais ou não). Passa vinte anos na cadeia vencendo sozinha um gigantesco obstáculo (que eu não vou contar aqui pra não estragar a já ínfima arquitetura da trama) e quando finalmente fica livre para usufruir de sua conquista, se suicida (desculpa, contei essa parte). E o pior de tudo, por CULPA!!! Fala sério, uma mulher daquela não tem culpa, não cabe na personalidade de Hanna se matar por culpa alguma. Desfecho muito ruim e para aqueles que entendem como uma história se organiza, é difícil de engolir. Enfim, desculpa a presunção mas está lançada a minha proposta aqui no blog: por uma graninha irrisória eu posso ensinar direitinho a esse pessoal como é que se faz uma narrativa bem montada. É só me contratar...

6 comentários:

Literatura etc. disse...

Ta aí a importância da teoria literária e não apenas aos estudantes de letras....

Débora Sales disse...

Realmente, Hollywood tem que assistir às aulas da Émile.
O cinema seria outro...

E eu não estou sendo sarcástica.
Rsrsrsrsrs...


OBS: Peço, novamente e encarecidamente, meu post sobre o Coronel Aureliano Buendía. Ó que eu sou capaz de voltar aqui só quando tiver notícias de que ele foi publicado...

Emile disse...

que coisa feia,Débora, me ameaçando em plena web!
Eu faço esse post, calma, mulher!

Bibi disse...

Não, o melhor do post é o final! kkkkkkkkkkkkkkk.

Anônimo disse...

kkkkkkkkkkkk
a Emile é otimaaaaa
adorei...
bjo!
Agatha

Ewerton disse...

concordo! eles (os roteiristas) têm que começar lendo aristóteles, enfim... mas é por isso que vou exigir q vc leia meu romance e q o critique antes da publicação, vai q vc fala mal dele no seu blog e eu ficar deprimentemente blogado! kkkkkk