terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Minha declaração de amor a François Truffaut

Notinha pessoal: Achei o professor tão procurado! Espero que dê tudo certo, que alívio...
Agora sim, o post: Minhas férias estão sensacionais: por exemplo, ontem asssiti ao maravilhoso "A mulher do lado" de Truffaut. Como eu amo Truffaut! Eu me delicio com cada plano-seqüência bem arquitetado, com cada frase bem colocada ("Ni sans toi, ni avec toi" - nem contigo nem sem ti ), com cada olhar ambíguo de seus personagens, enfim, Truffaut é o cineasta que mais entendeu as complexidades da alma feminina (desde Adélle H, passando por A noiva estava de preto, e o belíssimo A noite americana), além , é claro, de ser um mestre na arte de resgatar memórias e transformá-las em fotogramas, como no caso primoroso d'As aventuras de Antoine Doinel e os quatro filmes que fazem deste um dos personagens mais maravilhosos de todo o cinema. "A mulher do lado" possui um argumento tão simples que chega a ser lugar-comum. Um homem (Gérard Depardieu) vive muito bem casado no interior da França quando se depara com novos vizinhos: um casal cuja esposa é uma mulher (Fanny Ardant) com quem já viveu um intenso relacionamento. Tragicamente impossibilitados de ignorar o passado, os dois voltam a ser amantes, mas acabam sofrendo dos mesmos problemas pelos quais se separaram oito anos antes. Entre violência e obsessão, os dois personagens se revelam enredados numa paixão sem outra resolução que não o fim trágico. A beleza do filme está justamente em fazer deste enredo algo delicado e sensível sem perder a veia de suspense (que Luis Carlos Merten lembrou quando remonta Hitchcock) ou o tom irônico. De fato é difícil pra mim falar de Truffaut sem rasgar uma seda enorme, porque ele é um dos grandes, e neste filme ele prova que só mesmo um gênio consegue fazer desta trama algo muito além do mero melodrama: um filme lindo e ponto final.

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