segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Clint Eastwood: quanto mais velho melhor

Desculpe aos amigos leitores deste blog a falta de regularidade na publicação dos posts. É que as férias têm tomado meu tempo de forma irregular e em alguns momentos eu me deixo levar pela gostosa pregüiça macunaímica deste mês de janeiro. Bom, ontem revi um grande amigo, Thiago, e fomos ao cinema como nos velhos tempos. Assitimos A troca, cujo diretor Clint Eastwood, tem uma comunidade no orkut da qual eu participo que se chama "Eu adoro Clint Eastwood depois de velho". Claro, desde que deixou de lado a atuação e se tornou diretor, o nosso velho caubói anda realizando filmes interessantíssimos e ganhando com eles o bastião da preservação daquilo que o tradicional cinema americano tem de melhor. A troca representa isso novamente, tanto por ser um filme construído a partir dos moldes tradicionais quanto por trazer à discussão os velhos problemas americanos: liberdade, justiça, esperança. Angelina Jolie está ótima como a mãe desesperada que passa por todo tipo de obstáculo pra recuperar o filho desaparecido; finamente um belo papel para uma bela mulher; aqui vai uma foto dela ao lado do diretor no set de filmagem. Quanto ao filme em si, não concordo com algumas críticas que chamaram o filme de longo demais e irregular. Sim, são mais de duas horas e meia de sessão, mas a montagem é bem feita o suficiente para você não sentir esse tempo passar. Eu gosto sobretudo dessa disposição temporal que a princípio nos mostra todo o sofrimento da personagem para depois assistirmos à sua desforra; isso é clássico no cinema americano, portanto não poderia ser feito de outra maneira neste filme. O melodrama também existe, mas não chega a cair na pieguice ou no lugar comum tão freqüentes nas produções americanas do mesmo gênero. Mas há também cenas fortes, com um ritmo agressivo e impactante e algumas bonitas referências, desde O bebê de Rosemary de R. Polanski, a Andrei Rublev de Tarkovski (a cena em que o menino chora depois de desenterrar o ossos das crianças mortas se assemelha muito ao desespero do menino que constrói o sino no filme russo). O final não deixa dúvidas de que Eastwood sabe o que faz, pois não há redenção na esperança resignada da personagem, como pode parecer à primeira vista, há sim uma definitiva marca da irremediável tragédia que é a perda de um filho, e isso ultrapassa os problemas políticos, morais e ideológicos que o filme possa ter por ser tão americano. Enfim, não percam Clin Eastwood na direção. Desde o grande "Os imperdoáveis" de 1992 e o belíssimo "As pontes de Madison" de 1995, passando por "Sobre meninos e lobos" de 2003, "Menina de ouro" de 2005 e "As cartas de Iwo Jima" de 2007, ele não costuma errar.

Um comentário:

A. P. Leme Lopes disse...

Eu só discordo de uma coisa: o Clint Eastwood tb era ótimo antes de ficar velho. A trilogia de westerns do Sérgio Leone com ele é fenomenal!
Mas 'Sobre meninos e lobos' e 'Cartas de Iwo Jima' realmente são obras-primas...