sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

10 livros que "quando você pega não quer mais largar"

Aqui vai a minha lista dos 10 livros dos quais você não se livra enquanto não chega na página final. Dorme, toma banho, almoça e vai pro boteco com ele. Maravilhosos! Ah, o post debaixo é reservado para os livros que são o contrário destes: livros que quando você larga não quer mais pegar. Confira e faça a sua também:
1. Ensaio sobre a cegueira - José Saramago: Narrativa alucinante do gênio nobel da língua portuguesa. Não conseguia tirar meus olhos do romance, virei noite e fui trabalhar acabada no outro dia, mas que coisa impressionante!
2. Travessuras da menina má - Mario Vargas Llosa: Esse peruano é de fato um virtuoso na arte de contar uma boa história. E a construção da personagem é tão incrível que faz muita gente ter verdadeiro ódio dela (como minha amiga Lili).
3. Crime e castigo - Dostoiévski: Uma das melhores narrativas de todos os tempos. O desespero e a culpa de Raskolnikovi também não me deixavam dormir.
4. Crônica de uma morte anunciada - Gabriel García Márquez: Nem é o melhor romance de Gabito, mas é incrível como você, leitor, vai num fôlego só. Isso por conta de uma técnica especial do autor colombiano que faz você enlouquecer desejando saber o que virá depois de cada capítulo.
5. O náufrago - Thomas Bernhard: Para esse romance são também necessários uns bons exercicios de respiração antes da primeira página. Isso porque além de intenso, o texto é neurótico e muito, muito pesado. Fiquei atônita depois da leitura.
6. Grande sertão: veredas - Guimarães Rosa: Esse é o tipo de romance que quando eu, por acaso, encontro com ele na estante, ele parece me chamar de lá: "venha ler-me de novo!". Eu tenho umas três edições diferentes só pra ter o prazer de ler, cada vez, em um livro novinho sem um rabisco e nem uma anotação. E choro muito no final.
7. Crônica da casa assassinada - Lucio Cardoso: 400 páginas de pura emoção numa trama tão bem articulada que você não se interessa por mais nada além das cartas e confissões de Ana, Padre Justino, André e da poderosa Nina. Amo essa personagem com toda a minha força.
8. O passado - Alan Pauls: Um amor alucinado, uma mulher obcecada e um cara tentando sair do círculo vicioso que é uma relação amorosa inerte e desgastada. O trabalho com a linguagem feita pelo escritor argentino é digna do maior respeito.
9. O filho da mãe - Bernardo Carvalho: Amei esse último livro de Bernardo Carvalho. Os desencontros e os ardis da trama são ainda melhores do que em "Nove Noites", que já é o máximo.
10. Os mímicos - V.S. Naipaul: Coisa mais maluca e mais engraçada é esse texto de Naipaul, escritor de língua inglesa que morou na Índia e tem um pé em Trinidad e Tobago. Uma confusão só, mas tão bem escrito que é impossível parar...

4 comentários:

Fabiano Camilo disse...

Então, você gostou de Naipaul? Lembro-me de quando você me contou que uma professora sua te deu “Os mímicos” de presente, porque ela não gosta de Naipaul. Tenho esse livro na minha estante há anos, mas ainda não o li. Quem sabe com o seu post eu me decida a ler esse romance de uma vez, bem como “O enigma da chegada”, outro que só folheei. Recentemente, li “Uma curva no rio”, que é excelente, mas meu livro predileto de Naipaul continua sendo mesmo “Uma casa para o senhor Biswas”, um romance sublime, ao mesmo tempo cômico e melancólico.

Também gostei muito de “O filho da mãe”. Há nele uma beleza que eu nunca tinha visto nos romances de Bernardo Carvalho. Já é o meu livro preferido dele, juntamente com “Teatro”.

Thomas Bernhard dispensa comentários... (Você se lembra daquela tarde na Livraria Cultura em que eu te empurrei um monte de livros, incluindo o “O náufrago”, do qual você comprou dois exemplares, um para você e outro para mim?) Entretanto, a leitura de “O náufrago” é como nadar em uma piscina infantil com boia, se comparada à leitura de “Extinção”, que é como nadar em alto-mar sob uma tempestade violenta. Nenhum exercício respiratório te prepara para aquilo.

Beijos!

Emile disse...

Fabiano,
amei seu comentário. Foi você que me fez ler Náufrago (e vou comparar AGORA o Extinção)e também me apresentou "Uma casa para o senhor Biswas", que também adorei!!!
beijo e saudades....
devíamos voltar à Cultura juntos um dia, né?

Fabiano Camilo disse...

Émile, amore mio, então você leu “Uma casa para o senhor Biswas” também? Esse é um romance que na minha opinião com certeza é impossível largar após a primeira página. Só não é possível lê-lo de uma sentada, porque é imenso. Provavelmente um dos melhores romances do século 20.

No comentário anterior eu esqueci de comentar a respeito de Vargas Llosa. Não li “Travessuras da menina má”, mas “A cidade e os cachorros”, “A casa verde”, “Os filhotes” e “Conversa na catedral” são quatro romances ‘inlargáveis’. Todos excelentes.

Eu suspeito que a Companhia das Letras esteja empenhada em publicar todas as obras de Bernhard, para nossa felicidade. “O náufrago”, que estava esgotado fazia anos, a primeira edição é de 1996, foi relançado em 2006, com o mesmo design de “Exinção”. Depois vieram “Origem” – que eu preciso muito ler –, também em 2006, e, este ano, “O imitador de vozes”. Os títulos que tinham sido publicados pela Rocco, “Árvores abatidas”, “Perturbação” e “O sobrinho de Wittgenstein”, estão fora de catálogo. Espero que sejam relançados pela Companhia das Letras. Desses últimos, li apenas “Perturbação”, meu primeiro Bernhard, que me impressionou muito, principalmente na segunda parte.

A propósito, após ler “O náufrago”, você deve ter percebido a ‘influência’ de Bernhard sobre os primeiros romances de Bernardo Carvalho, não?

Entre livros que li nos últimos tempos, eu indicaria “Amphitryon”, um delirante romance pós-moderno de Ignacio Padilla, “Casa de encontros”, de Martin Amis, “Homem comum”, de Philip Roth, “A ocasião”, de Juan José Saer, que pretendo reler após reler “Dom Casmurro”, e “Querelle”, de Jean Genet.

Você já leu algum livro de Juan Goytisolo e de Augusto Roa Bastos? Do Goytisolo eu li “As semanas do jardim: um círculo de leitores”, um romance interessante, mas pelo qual não me encantei. Renovei minha carteirinha de ex-aluno da biblioteca da UnB para, entre outros motivos, retirar “Reivindicação do conde Julião”, de Goytisolo, e “Eu, o supremo”, de Roa Bastos. Há tempos quero muito ler esses dois livros.

Quanto ao convite para irmos juntos à Livraria Cultura, você bem sabe que basta me telefonar para combinarmos. Eu irei com o maior prazer. O problema é que você nunca me telefona quando vem a Brasília, né? Quando foi a última vez que nos vimos?

Beijos, my darling!

PS: Dê-me o prazer de vê-la pelo meu blog um dia desses, honey!

Fabiano Camilo disse...

Ah, sim! Esqueci de dizer que poucas coisas são tão prazerosas quanto ficar sabendo que um amigo gostou de um livro que indicamos! Fico muito contente por saber que você gostou de Bernhard e de Naipaul!