domingo, 8 de fevereiro de 2009

De como descobri as pessoas de plástico e chorei com Lars von Trier

Andei fazendo descobertas interessantes esses dias; uma delas é que é um grande privilégio poder sentir coisas e expressá-las; há um bando de gente (gente?) por aí que definitivamente devia nascer de novo pra ver se tem a sorte de se sentir vivo: chorar num filme, cantar uma música bem alto, dar uma gargalhada estridente, mandar alguém pra p..., gostar das pessoas e dizer isso a elas, estar disposto (a) a se apaixonar e também não ter medo ou receio de desgostar ou odiar. Na verdade eu descobri que há um monte de seres de plástico convivendo como se fossem homens e mulheres, às vezes até bem moldados (as academias existem pra isso), mas frágeis, coitados! Frios e artificiais, rasos e vulneráveis, uma tristeza... Eles falam, falam, têm sempre idéia de tudo e sobre tudo, são afetadamente iconoclastas e radicais. À primeira vista os plásticos são modernos, jovens, descontraídos, bem resolvidos e até inteligentes. Porém, uma observação atenta e tudo vai pro brejo: a modernidade é conservadora, a juventude é decrépita, a descontração é vazia, e peloamordedeus - os plásticos não sabem ao menos quem são - imagina se são bem resolvidos ou inteligentes... Tudo afetação e teatro!
Enfim, há cada vez menos gente de verdade nesse mundo, e é preciso se acostumar com a convivência entre eles, e até se defender destes comportamentos robotizados e tão pouco humanos. Deve ser essa a causa do tédio misantropo que às vezes eu sinto, uma falta de paciência com a humanidade, me incluindo nisso, pra que ninguém que esteja lendo isso pense que estou me colocando numa posição mais elevada do que mereço, ser humano triste que eu também sou...
Tudo isso porque revi com (meu novo "pretenso" discípulo, vejamos e ele aguenta...) Octávio o fundamental Dançando no escuro de Lars von Trier, fui às lágrimas por milionésima vez e perdi (de novo) a esperança nas pessoas e no mundo. Tomara que amanhã eu já tenha recuperado a bendita (como é freqüente em mim, inconstante que sou, graçasadeus!) e tudo já esteja brilhando de novo!

3 comentários:

Anônimo disse...

O filme, indiscutivelmente BELO, me deixou com um nó e uma secura descomunal na garganta. Tive uma sensação parecida. Uma descrença e até uma revolta do mundo.

Émile, concordo plenamente com o que você disse.
Acredito que é da natureza do ser humano ser uma pessoa de plástico. Mesmo com oscilações, todo mundo tem de berço a contradição - e porque não dizer, a confusão - intrínsecas nas suas atitudes. Quem é que não se julga autêntico?
É claro que uns em níveis mais acentuados que outros, mas ainda assim todo mundo se define e justifica a sua maneira. Talvez a diferença mais evidente e que nos consola (ou pelo menos me consola), é que a ignorância e a limitação em desenvolver um pensamento, torna uns mais ridículos que outros.

A afirmação e a pedância também me desagradam e me assustam. O que vale é lutarmos sempre para não sermos torpes e nem obtusos a ponto de viver sem enxergar as maravilhas que estão ao nosso alcance.

Viajei pra caralho, mas enfim... rs

Saudades de você Émile, precisamos conversar.
Bjo

Emile disse...

Rafael,
Você devia ter um blog.
Beijo!

Anônimo disse...

Delicadeza sua!

Mas pensarei no assunto. Futuramente quem sabe... no momento me falta tempo. rs.