segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Do tédio da vida e de como eu quis ser Vinícius de Moraes

As férias para os infelizes que não viajam chegam sempre num ponto difícil de definir, e principalmente de suportar: o tédio. Não que você, o agraciado com esse buraco existencial, não tenha nada para fazer: geralmente há; o problema é ter de realizar o esforço necessário para exercer qualquer atividade que te tire do estado inerte em que você se encontra. Essa explicação ficou confusa e prolixa, mas é como eu me sinto agora e não vou me enrolar e trapacear no meu próprio blog. Não gostou não continue lendo, fecha a página e me deixa aqui na minha chatice, na minha casmurrice. O tédio é só meu e realmente ninguém tem nada a ver com isso, principalmente os felizes, aqueles que acordam sempre de bom humor, levam uma vida saudável, leram "O Segredo", buscam sempre o que há de melhor nas coisas e nas pessoas e encaram seus problemas como "desafios a serem vencidos"; enfim, aqueles que afortunadamente não foram contemplados com o letárgico estado de tédio em que me encontro. Ser obrigada a viver me irrita, às vezes! Àqueles que continuaram essa leitura, desculpa aí a agressividade do texto, eu precisei disso.
Hoje eu vi Vinícius de Moraes num show na Itália, tocando com o Toquinho e o Tom Jobim, um dvd que minha irmã tem e que eu nunca tinha visto. Vinícius fica sentado numa mesa (uma mesa comum, como a de um boteco comum) e de lá ele canta, chama os convidados ao palco, fuma um cigarro atrás do outro e toma seu uísque. É claro que eu fui lembrando de tudo o que eu já vi e ouvi dele e sobre ele, todas as coisas incríveis que ele fez, escreveu e cantou, todos os amores e paixões fulminantes que fizeram parte da vida dele e tive certeza de que eu nunca vou viver tão intensamente nada (nem ao menos parecido) com o que ele viveu. Eu tive inveja, mas não cheguei a ter raiva, porque isso é impraticável: o cara é tão incrível que esse é o tipo de sentimento que ele nunca deve ter provocado em alguém. Sim, estou idealizando um Vinícius... É muito provável que tenha dado muito trabalho a todas essas mulheres que se meteram na vida dele, mas isso é irrelevante diante da irradiação que ele emana. De qualquer forma, apesar das minhas nuvens de angústia e vazio existencial, poucas vezes tive vontade de ser outra pessoa. Uma dessas foi com Vinícius.

3 comentários:

Rayanne Cabral disse...

Emile, estou sempre lendo seu blog, na maioria das vezes não me atrevo a comentar sobre assuntos ou até mesmo artistas que ainda são novidade para mim. Mas se tratando de Vinícius não posso ocultar a paixão, ou sei lá, a devoção que tenho por ele. Sou fã sim de carteirinha, sem querer exagerar muito, mudei a maneira de enxergar o mundo depois de conhecer um pouco a vida e obra desse poeta. E essa inveja saudável que temos de querer um pouco da intensidade de Vinícius, já era sentida até por Drummond, que dirá nós pobres seguidores... Termino meu comentário com uma conclusão pessoal: o ser humano que ao menos uma vez na vida sentir o ardor da paixão com a intensidade que Vinícius sentia, pode considerar que não viveu em vão. "Prefira ser feliz, embora louco, que em conformidade viver". Bjs...(blog tá mara... sempre)

talvez Mari, talvez não. disse...

Eu também pouco invejo a vida de outras pessoas, mas que eu qria ter vivido nessa época de bossa nova ao extremo, frequentar a casa de Nara Leão e pegar o Chico Buarque, aaaah se eu não queria!

mas vamo sair da inercia e fazer alguma coisa???
Beijão!

elvinho disse...

emile, tenho o mesmo sentimento q vc ... não se atreve a ser uma inveja qq, mas uma vontade de viver, sentir, usufruir nesse tempo em que eh denominado VIDA. Vinicius transmite o desejo de viver na boêmia junto com a sua arte...não existia pra ele,hora do trabalho e hora de se divertir, existia uma única hora, a hora de VIVER...e ainda tem gente q acredita viver mais alguma coisa depois da morte, q audácia...