Eu já afirmei aqui que não gosto de falar mal de filme nem de livro algum. Mas nesse caso, não posso me conter. Foi uma grande decepção! Já tinha um bom tempo que eu esperava o novo filme de Aluízio Abranches, Do começo ao fim. A película conta a polêmica história de amor incestuosa e homossexual entre dois rapazes (por sinal, muito lindos). Tá, até aí tudo bem. O problema está justamente no equívoco do emprego da palavra "polêmica". Muito embora a fotografia acima seja linda (como ocorre em algumas cenas), o filme não se sustenta por vários motivos. Abaixo, os 10 que me fizeram escrever esse post:
1. O filme tem duas temáticas delicadas demais para serem tratadas com tanta naturalidade: a homossexualidade e o incesto. A despeito de a primeira poder ser encarada com naturalidade (como nos filmes de Almodóvar, já citados aqui), a segunda é social e mitologicamente impossível de ignorar. E o filme faz isso.
2. Não há conflito. São duas horas de história sem trama alguma. Não, ele também não é um filme de poesia, como Antonioni ou Pasolini. Não há um momento de tensão no filme inteiro. Com uma temática dessas, é possível acreditar nisso?
3. Por incrível que pareça, até mesmo a ótima Júlia Lemmertz faz um trabalho de interpretação medíocre. Os atores mirins, então, não conseguem convencer nem mesmo um raso e deficiente espectador de novelas mexicanas e draminhas de Manoel Carlos. Terror e pânico!
3. É horrível escrever isso, mas há planos mal filmados. Falta enquadramento certo na cena da conversa de Julieta e Pedro na piscina. Além disso, fica evidente a falta de entrosamento entre os atores, que não conseguem passar a idéia de um ex-casal que se dá muito bem, como o diálogo dos dois afirma.
4. Falando em diálogo, o texto dos rapazes é muito ruim. As declarações de amor, as justificativas para a paixão e as discussões sobre ciúmes são infantis e me fizeram recordar meus namoricos pueris de menina de 12 anos de idade.
5. A maquiagem de Fábio Assunção (nem vou retomar a questão da canastrice) para fazê-lo envelhecer é risível.
6. A naturalidade com que a mãe, o pai, o treinador de natação de Tomás e os próprios rapazes encaram sua relação amorosa é inverossímil, incoerente e absurda.
7. O personagem da Louise Cardoso não faz o menor sentido.
8. É de péssimo gosto a inclusão da música Leãozinho de Caetano em determinada cena.
9. A comparação com outros (ótimos) filmes que tratam dessa temática faz esse trabalho de Abranches parecer ainda mais decepcionante. Filmes como Lavoura Arcaica (Luis Fernando Carvalho), Felizes juntos (Wong Kar Wai) e Brokeback Mountain (Ang Lee) são primorosos neste sentido.
10. Infelizmente, a maior decepção é comparar esse filme com o excelente Um copo de cólera do mesmo Abranches. Pra quem viu a adaptação do romance de Raduan Nassar é ainda pior encarar esse último.
5 comentários:
Puta que bosta, tava loca pra assistir esse filme, perdi totalmente a vontade... ah não viu! ¬¬'
Oi, vim ver seu blog por intermédio da sua irmã que deixou um comentário no meu. Gostei muito do que andei lendo por aqui.
Quanto ao filme ainda não vi. Eu já não gostava desde que começou a ser superestimado pelo público gls antes mesmo de ser lançado. O pessoal quer porque quer ter um Brokeback brasuca.
Os homos do Almodovar vivem uma vida bem tranquila no quesito social, sem muito preconceito da sociedade. Eles sofrem sim, mas geralmente por amor rs.
Quanto ao incesto, creio que o Abranches quis passar aquela visão do tabu. Pra eles é algo totalmente normal e natural, a sociedade é que encrimina isso com suas morais etc. Como dizem, é um assunto muito delicado.
só sei que perdi a vontade de ver.
Desculpa aí, gente! mas não tinha como deixar passar em branco essa crítica
concordo com muita coisa que você disse. eu já vi o filme e até que não achei tão mau. Mas na verdade, a única coisa que me prendeu mais acho que foi a quimica deles...
EU amei o filme ... vcs são um bandoO de bosta!"
Postar um comentário